É difícil imaginar e aceitar a ideia de que uma criança ou adolescente possa querer matar-se (embora haja cada vez mais fatores de risco do suicídio em idade escolar).
Esta é uma fase que deve, sempre que possível, ser vivida sem sobressaltos. Os jovens devem sentir-se amados, seguros e confiantes, para que ganhem uma estrutura forte que os prepare para os desafios da vida adulta.
Aquilo que, para os adultos, é uma situação relativamente fácil de ultrapassar, para uma criança ou adolescente não é. E, no fundo, os adultos sabem disso, porque já passaram por lá.
Todos nós temos bem presentes os nossos dramas de infância e adolescência. Naquela altura, era tudo vivido com mais intensidade e, naturalmente, com menos maturidade e bom senso, coisas que só a idade traz.
Por essa razão também, muitas das situações que vivemos nesses tempos, moldam a nossa personalidade na vida adulta. A par disso, fazer uma nova legenda dessas situações, à luz de uma visão mais madura dos acontecimentos acaba por ser benéfico.
É contudo importante perceber que os jovens e adolescentes de hoje, não são iguais ao que nós eramos nas suas idades. Assim, de seguida explicamos-lhe alguns dos principais fatores de risco do suicídio nestas idades.
Fatores de risco do suicídio em idade escolar: conheça alguns
Os fatores de risco do suicídio em idade escolar é um tema grave e muito real, ainda que não haja muita informação nem seja um assunto muito falado. No Centro Ser Mais promovemos frequentemente ações de sensibilização sobre este tema.
Há muitas razões que podem levar um jovem a querer acabar com a sua vida. Mostramos-lhe 8.
1 – Demasiada cobrança
Hoje em dia, os jovens estão tão sobrecarregados de informação e atividades. Dessa forma podem sentir-se demasiado pressionados para corresponder a todas as expetativas.
É esperado demasiado deles. Isto pode levar a uma sensação de fracasso e de não estarem à altura.
2 – Efeito manada
Adultos ou crianças, todos nós queremos sentir-nos parte de alguma coisa. A diferença é que, na idade adulta, temos mais estrutura para lidar com isso.
É na infância e (principalmente) na adolescência que esse efeito mais se manifesta. Esta faixa etária é bastante sugestionável e há uma grande necessidade de fazer parte de algo.
Os famosos desafios da internet são um bom exemplo disso. Por mais absurdo ou perigoso que sejam, a necessidade de pertença e o desafio em si, muitas vezes, sobrepõem-se à saúde ou segurança.
Esta necessidade leva muitos jovens a pôr em risco a sua própria vida, apenas para fazer parte de um ritual, sendo um dos fatores de risco do suicídio nesta idade.
3 – Solidão
Muitos jovens, sentem-se sós. Essencialmente porque não se sentem apoiados. Porque têm dificuldades na escola. Porque não se sentem compreendidos. Porque têm dificuldade em expressar-se. Porque se sentem desajustados. Porque se sentem abandonados.
O fato de eles se sentirem assim e não conseguirem partilhar essa informação, faz com que se sintam sós!
E, este é um dos fatores de risco do suicídio, independentemente de ser em idade escolar ou não.
4 – Bullying
Nem sempre teve este nome, mas o bullying sempre existiu, e todos nós temos várias memórias de infância e adolescência, em que fomos ameaçados (física ou psicologicamente) ou assistimos a situações dessa natureza.
Este é um cenário bastante grave e que pode marcar uma criança ou adolescente.
Muitas vezes, são situações escondidas durante muito tempo, por medo ou vergonha da exposição.
5 – Fácil acesso à informação
Hoje em dia, tudo está à distância de um clique, tanto as coisas boas, como as más. É fácil e rápido, e nem sempre os pais conseguem controlar esse acesso à informação.
6 – Álcool e drogas
Este é também um período de experimentar coisas novas e ter acesso a novas sensações.
Devido também à necessidade de pertença, de fazer parte do grupo, muitos jovens passam a consumir álcool e drogas.
No entanto, aquilo que poderia ser apenas uma experiência “inocente”, transforma-se, algumas vezes, num caminho sem retorno.
Novamente, este é um dos fatores de risco de suicídio com maior incidência em jovens e adultos.
7 – Abusos e maus-tratos
Muitas vezes, estas situações acontecem no seio da família. A base necessária para uma crescimento saudável deixa de existir, o que pode levar a uma sensação de total desconexão com a realidade, e a uma tentativa de suicídio.
8 – Depressão
É tudo mais intenso na juventude, mais sensível, mais impactante. A autoestima, bem como toda a estrutura mental, está a ser construída e, por essa razão, não é difícil, à mínima coisa, tudo ser colocado em causa.
Situações mais extremas podem levar a um quadro de depressão, sendo este um dos grandes fatores de risco do suicídio.
É importante observar o comportamento das crianças e adolescentes. Se os pais perceberem que o filho está diferente, devem procurar apoio especializado.
Os jovens representam o futuro. Esta frase, apesar de clichê, não deixa de ser verdade!
Jovens que se sintam apoiados, que tenham uma boa estrutura familiar e um ambiente que lhes permita crescer em segurança serão adultos mais bem resolvidos, mais felizes.
A par disso irão, por sua vez, contribuir também para uma geração futura feliz e bem estruturada.