Há pouco tempo escrevemos um artigo sob o tema “Bullying: O que é, quais as consequências e tipologias”. Mas hoje iremos abordar o tema sobre outra perspetiva: a do agressor!
Podemos considerar Bullying sempre que uma pessoa (bully ou agressor) atormenta, ameaça ou maltrata outra pessoa (a vítima).
Por norma quando falamos desta problemática na adolescência, centramos os nossos recursos na vítima. Isto porque, em última instância será ela quem irá necessitar de ajuda imediata (devido aos efeitos que a exposição às agressões físicas ou psicológicas deixaram).
No entanto, é preciso perceber que na maior parte dos casos, o bully não maltrata alguém sem haver um motivo intrínseco para tal.
E, é isso que na maior parte dos casos só nos apercebemos quando é demasiado tarde.
O livro “Condutas Agressivas na Idade Escolar”, que temos no centro de estudos caracteriza o bully como:
- Tem por norma uma idade superior à média de idades do seu grupo
- É frequente ter chumbado pelo menos um ano
- Costuma ter uma aparência forte
- Não sente qualquer tipo de aptidão escolar
- Acata mal as normas
- Demonstra altos níveis de ansiedade e agressividade
- Tem atitudes desafiadoras
- Tem uma autoestima mais elevada que o normal para a idade
- Tem pouco autocontrolo nas suas ações
- As relações familiares são por norma conflituosas
A verdade é que muitas vezes, são as próprias relações familiares as causadoras destes problemas. Quando o agressor é uma vítima em casa, vai ter tendência a exteriorizar em terceiros.
Agressor: Quando o seu filho é o agressor
Embora na grande maioria das vezes o agressor tenha algumas (ou todas) das características mencionadas anteriormente, saiba que crianças ou adolescentes bem comportados e com boas notas também podem ser bullies.
Na verdade, os pais têm muito mais tendência a acreditar que o filho é a vítima e não o agressor.
Tal como dissemos, existem situações que as crianças se tornam agressores na escola, porque os familiares diretos com quem lidam diariamente têm esses mesmos traços de agressividade. Na grande maioria das vezes, até são vítimas de violência física ou psicológica em casa.
Contudo, há casos em que a educação de excelência que foi dada, não devia gerar predisposição para agressões contínuas e repetidas sobre terceiros.
Isso acontece essencialmente devido ao “síndrome da matilha”. Um jovem que até é bem comportado e tem boas notas, pode ter um grupo de amigos que não incorre exatamente dos mesmos valores.
Assim, quando falamos de adolescentes, a verdade é que a aceitação social é na grande maioria das vezes aquilo que importa.
Se o líder do grupo os desafia a incomodar outros mais fracos, eles vão alinhar.
Assim, é sempre mais fácil apontar o dedo ao agressor e criticá-lo pelo comportamento errado que teve. Contudo, o mais complicado é mesmo desafiar preconceitos e perceber o motivo para tal estar a acontecer.
Efeitos do Bullying no agressor
O Bullying afeta tanto as vítimas como os agressores, as testemunhas ou os cúmplices. O mesmo está ligado a várias consequências negativas com impacto na saúde mental, consumo de substâncias, e, em casos mais extremos, pode inclusivamente levar ao suicídio.
Os agressores têm ainda tendência a manifestarem as suas atitudes violentas enquanto adultos. Assim, vão demonstrar dificuldades de integração social, ter atitudes indisciplinadas (inclusivamente com os superiores hierárquicos em ambiente laboral) e desafiadoras.
Não é também incomum que os agressores tenham maior predisposição para apresentarem comportamentos de risco e atitudes condenáveis.
Por estes motivos (e tantos outros) é imprescindível que assim que é detetada uma questão de Bullying, tanto a vítima como o agressor sejam acompanhados psicologicamente, controlando e minimizando os efeitos negativos a longo prazo.
Precisamos cada vez mais reconhecer o comportamento do agressor e intervir atempadamente.